19 de janeiro de 2017

SEM RECEITA


Sou um hipocondríaco confesso
A saudade que espero o regresso
Tomo remédios para doenças ainda não manifestadas
Sinto dor real para uma enfermidade fictícia
Estou num hospital decadente em ruínas e sem ambulância
Espero a dosagem das novas drogas

A enfermeira rabugenta me medica na veia
Passo o tempo relembrando o quadro “Santa Ceia”
A moléstia desaparece momentaneamente
Deito no leito me oferecem e eu aceito
Aproveito a situação reclamando de dor no peito
Meu coração bate violentamente

Vou tomar os analgésicos misturados com os soníferos
Quero me drogar em Paz sem enfermeiros
A represália veta a minha liberdade
Estou ficando dopado porém feliz
Alguém me receita um descongestionante de nariz
Com os outros enfermos faço amizades

Qual é a dosagem do novo antidepressivo?
Vou tomar mesmo sem motivo
Fico esperando a minha hora chegar
Sento na minha cama e começo a escrever
A ficção misturada com vinho quero sorver
Não tome remédios sem o médico receitar

Arthur Claro

Essa poesia foi inspirada um pouco na loucura e um pouco na série House M.D, eu escrevi imaginando um hipocondríaco surtando pela falta de seus remédios, o hipocondríaco não sou eu, eu não sou de tomar remédios sem razão e mesmo com razão sou muito relutante. A imagem foi retirada do Google.

2 comentários:

  1. Adorei. Bem original.

    O blog JJ está em hiatus, mas tem um texto novo. Não deixe de conferir! O JJ volta em definitivo no dia 01 de fevereiro.

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  2. Muito interessante o seu blog. Gostei da sinceridade escrachada de algumas postagens dando um toque de realidade numa espécie de romantismo irônico. Abraço!

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